A história dos equipamentos tipográficos cruza-se com a da cultura e da imprensa, pois em tantas situações foi acertado “o passo espiritual pela celeridade mecânica” que se reflectiu também noutros sectores da vida económica e social.
Como tem acontecido com outras parcelas do nosso património, o esquecimento atingiu as velhas peças das antigas tipografias, elementos primordiais para o conhecimento da evolução operada no sector gráfico.
Na Guarda existem, por enquanto, testemunhos desse percurso, de uma época em que as máquinas de impressão não tinham o auxílio da energia eléctrica, a composição era manual e as zincogravuras eram indispensáveis para ilustração dos textos.
São realidades tão próximas e simultaneamente tão distantes; pequenos espaços onde se cruzam saberes, arte, experiências múltiplas, vidas, entusiasmos, dificuldades, vivências ímpares de que brotaram as mais diversas publicações ou trabalhos.
E um desses lugares tivemos a oportunidade de o evocar num dos números da colecção “O Fio da Memória”, a propósito da Tipografia Beira Serra, na cidade da Guarda.
No quotidiano guardense passamos ao lado de um património que corre o risco de ficar esquecido ou perdido irremediavelmente, face à marcha célere do progresso, da evolução da técnica, do redimensionamento dos mercados ou das novas exigências empresariais e comerciais.
Na sociedade contemporânea, em especial no nosso país, urge desenvolver uma reflexão profunda, capaz de activar estratégias e políticas eficazes em termos de salvaguarda, valorização, estudo e divulgação do nosso património.
Assim, a criação, na Guarda, de um espaço museológico dedicado às Artes Gráficas poderá contribuir para salvaguarda, estudo e divulgação do espólio das tipografias de um distrito que foi rico em títulos de imprensa local, e de muitos outros.
É imperioso desenvolver uma forte sensibilização, das pessoas e entidades, para que não se percam os valores existentes, assegurando a sua transmissão e conhecimento às gerações futuras, facilitando e incentivando o conhecimento desta como de outras casas ligadas às artes gráficas.
Pelos velhos cavaletes da tipografia referenciada passam múltiplas memórias que é urgente compor, com os tipos do presente alinhados em mensagens claras sobre os nossos valores, o nosso património local.