Na Vela, concelho da Guarda, vai realizar-se, no próximo dia 26 de Outubro de 2008, uma homenagem ao Dr. José Miguel Carreira Amarelo, a qual terá início pelas 14 horas.
Com o seu falecimento, em 12 de Dezembro de 2000, a Guarda perdeu um incansável investigador, um dedicado estudioso da cultura regional.
Para além da sua, reconhecida e apreciada actividade como sacerdote, José Miguel Carreira Amarelo, com a sua simplicidade, com uma permanente disponibilidade e evidentes qualidades humanas, sobressaiu como docente e como homem de cultura.
Terá, para muitos, passado desapercebido; mas embora não se negasse à colaboração tantas vezes solicitada pelos orgãos de informação locais e regionais, declinava sempre os protagonismos mediáticos ou as luzes da ribalta, optando antes pela entrega ao trabalho quotidiano, nas várias frentes do seu labor.
No capítulo do ensino a sua presença ficou bem firmada, como podem confirmar múltiplos e insuspeitos testemunhos. Aliás, ao longo do seu percurso académico, José Miguel Amarelo deixou indeléveis marcas da sua forma de ser e outrossim do seu saber, entregando-se à descoberta constante dos valores e expoentes culturais desta região
O teatro popular foi uma das temáticas que o entusiasmou, com particular incidência nas tradições de Pousade, uma conhecida freguesia do concelho da Guarda. Com dois volumes editados sobre o Teatro Popular, procurou, como escreveu na apresentação do primeiro dos livros, “salvar do naufrágio do esquecimento e da perda uma pequena parcela da nossa cultura popular e regional.”
Num rápido esboço, recordamos o seu contributo para a divulgação da obra do autor da “Balada da Neve”; através de uma oportuna edição do Museu da Guarda, anotou o livro “Augusto Gil – Cartas de Amor”, revelando parte do espólio lírico daquele poeta, até então desconhecido.
Naturalmente que não cabe neste despretensioso apontamento, nem é esse o intuito, a descrição do perfil de José Carreira Amarelo. Nestas breves anotações, aproveitamos para relembrar que depois de ter deixado a Direcção da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico da Guarda, onde continuava a leccionar, centrava a sua particular atenção numa obra sobre “As Pastorais dos Bispos da Guarda”, a tese de doutoramento que iria discutir, e a qual constitui um importante documento histórico-cultural da região, mormente sobre o período temporal escolhido.
Este trabalho não pode ser olvidado e merece a adequada e merecida divulgação, pois, para além do seu valor específico, perpetuará a memória do seu autor e será um acto de justiça perante o demorado trabalho de investigação que precedeu a sua elaboração.
Diremos, entretanto, que com a publicação da tese de doutoramento de Carreira Amarelo beneficiará, inquestionavelmente, esta região; a cultura e a história regional. Espera-se que este trabalho não tenha sido em vão e suscite a merecida e devida atenção.
Helder Sequeira