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Ordenação episcopal do novo Bispo da Guarda

por Correio da Guarda, em 16.03.25

 

A ordenação episcopal do novo Bispo da Guarda, D. José Miguel Pereira, terá hoje lugar, pelas 16 horas na Sé Catedral da Guarda. O evento será precedido por um cortejo litúrgico, que partirá da Igreja da Misericórdia às 15h30.

Novo Bispo

O novo prelado diocesano, com 53 anos de idade, sucede a D. Manuel Felício. D. José Miguel Pereira foi nomeado Bispo da Guarda, pelo Papa Francisco, no passado mês de dezembro.

Bula de Nomeação

FRANCISCO, BISPO, SERVO DOS SERVOS DE DEUS,

Ao dilecto Filho JOSÉ MIGUEL BARATA PEREIRA, do clero do Patriarcado de Lisboa, até agora Reitor do Seminário Maior, nomeado Bispo da Guarda, saúde e bênção.

Com gratidão louvamos o Benigníssimo Deus que tem misericórdia de todos e não tem em conta os pecados dos homens por causa do arrependimento – cf. Sab 11,23 – pois com inesgotável caridade concede aos crentes a vida eterna por meio dos Pastores da Igreja.

Portanto, por este motivo particular, dirigimos agora a Nossa atenção à comunidade da Guarda que espera um novo Bispo depois de ter o Venerável Irmão Manuel da Rocha Felício renunciado ao governo daquela Sede.

Por isso, recorremos a ti, dilecto Filho, pois até agora tens trabalhado diligentemente no Patriarcado de Lisboa, especialmente como Reitor do Seminário Maior, manifestando as necessárias qualidades pastorais da mente e do coração, bem como perícia na administração dos bens e por isso para Nós te mostras idóneo para assumir este cargo.

Portanto, com o conselho do Dicastério para os Bispos, em virtude da plenitude da Nossa potestade e da autoridade Apostólica, por meio desta Carta te nomeamos Bispo da GUARDA, conferindo-te os devidos direitos e impondo-te as correspondentes obrigações.

Além disso, poderás receber a consagração Episcopal fora da cidade de Roma, de um Prelado Católico por ti escolhido, depois de pronunciar a profissão de fé e de prestar o juramento de fidelidade.”

 

Entretanto são já conhecidas as armas da fé do novo Bispo da Guarda.

Armas de fé 6

Descrição heráldica:

Escudo oval, partido. O primeiro, de azul, carregado de um bordão de São José (açucenas), de prata, florido de ouro, encimado por três estrelas de sete pontas, de ouro; o segundo, de prata, carregado de um ramo de oliveira, de verde, frutado de sete azeitonas, de sua cor.

O escudo assenta sobre cruz pastoral de ouro, guarnecida de pedras de vermelho e encimada por chapéu eclesiástico, de cordão de 6 + 6 borlas, tudo de verde. Na base do escudo, listel branco com a legenda em maiúsculas: «O Senhor é bom. O Senhor está próximo».

Leitura:

O escudo de azul e prata é alusão à Virgem Maria e tem uma dupla evocação. Refere-se: à maternidade espiritual da Virgem Maria, a quem o Senhor, na Páscoa, confiou o cuidado dos discípulos e o fogo do Espírito para a missão apostólica; ao mistério da sua Assunção à Glória do Céu, invocação com a qual é venerada como padroeira da Catedral da Guarda e protetora da Diocese.

Os elementos presentes têm um significado polissémico: a açucena representa São José, santo onomástico do Prelado e Patrono da Igreja, e exemplo das virtudes necessárias para quem é chamado a servir o mistério da manifestação do Verbo de Deus aos povos; as três estrelas representam a virgindade de Nossa Senhora, modelo de quem é chamado a consagrar-se por amor a Deus e pela salvação do mundo; ambos os elementos, situados do lado esquerdo do escudo, representam os primeiros anos do serviço pastoral do Prelado nos Seminários Menores de São José de Caparide e de Nossa Senhora da Graça de Penafirme; o ramo de oliveira, situado do lado direito do escudo, representa os anos de serviço pastoral no Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais; as azeitonas representam o óleo da unção do Espírito Santo com que os ministros ordenados são consagrados para a missão; o número de sete evoca os sete Arciprestados da Diocese da Guarda, horizonte imediato do novo serviço pastoral do Prelado no ministério episcopal.

O lema «O Senhor é bom. O Senhor está próximo» é retirado, na primeira frase, do Salmo 99: «O Senhor é bom. Eterna é a sua misericórdia. A sua fidelidade estende-se de geração em geração»; e na segunda frase, da carta de São Paulo aos Filipenses (4, 4-5): «Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. Seja de todos conhecida a vossa bondade. O Senhor está próximo». Assim reunidas, ambas as frases são o anúncio de que Deus é sempre bom e sempre Se faz próximo, mesmo nas horas mais duras para caminhar connosco e nos sustentar na vida; e nos oferecer o definitivo como sentido último do viver humano. Quando muitos duvidam de Deus diante do mal e do efémero, urge oferecer o encontro com o Bem e o Eterno.

A cerimónia de hoje vai ser transmitida aqui

 

Fonte: Diocese da Guarda

 

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publicado às 00:36

"A Visita" em Celorico da Beira

por Correio da Guarda, em 15.03.25

A peça de teatro “A Visita”, com texto e encenação de Moncho Rodrigues e interpretação de Pedro Giestas, vai ser apresentada no próximo dia 28 de março, pelas 21h30, no Centro Cultural de Celorico da Beira.

A VISITA _n

"Trata-se de um espetáculo teatral que se propõe despoletar no público uma reflexão sobre as aldeias, enquanto espaço da narrativa, esvaziadas de gentes e memórias, em resultado do despovoamento, envelhecimento e abandono a que estão destinadas, em especial, no Interior do país."

A iniciativa insere-se nas comemorações do Dia Mundial do Teatro (27/3), levadas a efeito no município de Celorico da Beira, as quais arrancam no dia 27 de março com uma sessão de Conversas sobre Teatro, direcionadas para as escolas, com o propósito de proporcionar aos alunos uma reflexão sobre a arte da representação teatral e o trabalho do ator.

Nestas conversas, a ator Pedro Giestas vai "dar testemunho, do processo criativo, dos desafios da interpretação dos personagens e da importância do teatro na preservação da cultura e identidade de um povo."

Fonte: CMCelorico da Beira

 

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publicado às 23:33

Guarda na Bolsa de Turismo de Lisboa

por Correio da Guarda, em 12.03.25

 

O Município da Guarda vai estar presente na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) 2025 que decorrerá, entre hoje e 16 de março, no Parque das Nações.

Esta participação, que está integrada no espaço da Comunidade Intermunicipal da Região Beiras e Serra da Estrela, “visa promover a riqueza natural, cultural e gastronómica da nossa região, destacando-se, entre outros, os produtos endógenos como a morcela da Guarda, o bucho raiano, a bola parda e os vinhos da Beira Interior, entre outros, e as ofertas turísticas exclusivas do território da Guarda, com destaque para os Passadiços do Mondego e o património cultural do concelho”. Refere a Câmara Municipal da Guarda numa nota informativa.

No decorrer deste certame, e segundo a autarquia, irá ser apresentada a quarta edição do Guarda WineFest agendada os dias 11,12  e 13 de julho.

Na BTL a edilidade guardense promoverá diversas iniciativas que pretendem divulgar as suas propostas turísticas, destacando o património cultural, as tradições gastronómicas e o turismo de natureza e aventura.

Guarda_passadiços_HS

Hoje, 12 de março, será apresentado, pelas 12h, o Projeto 'Morcela da Guarda e Bucho Raiano- Especialidade Tradicional Garantida'

O Município da Guarda, em parceria com o Município do Sabugal, irá realizar uma apresentação no formato Talk Show. Durante a conversa, serão exibidos pequenos filmes promocionais sobre os produtos endógenos 'Morcela da Guarda' e 'Bucho Raiano', que “simbolizam a riqueza cultural e gastronómica da região.”

Amanhã o programa integra, pelas 17h30, uma Degustação Vínica em harmonia com a Bola Parda da Guarda.

Para o dia 15 de março, pelas 17 horas, está programada uma apresentação sobre Turismo de Natureza e Aventura, Passadiços do Mondego, Modalidades Desportivas.

 

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publicado às 00:21

"Flor da Beira" no Museu da Guarda

por Correio da Guarda, em 08.03.25
 
A pintura "Flor da Beira", da autoria de Eduarda Lapa, foi escolhida pelo Museu da Guarda (do seu espólio em reserva) para celebrar o Dia Internacional da Mulher.
Nesta pintura encontra-se representada uma jovem camponesa, que com um sorriso suave e muita naturalidade, ata o lenço de uma cor amarela vibrante à cabeça, como que em preparação para um dia de lavoura.
Esta representação mostra como as mulheres, conseguem manter a sua beleza e feminidade, mas ao mesmo tempo “arregaçar as mangas” e laborar.

Flor da Beira _n

A sua autora, Maria Eduarda Lapa de Sousa Caldeira, nascida em Trancoso no final do século XIX, ficou conhecida como a “pintora das flores” e “embaixatriz da cor”, devido à sua preferência por naturezas mortas e o domínio da versatilidade cromática presente nas suas obras.
"É uma figura que merece destaque neste dia, pois, para além de pintora com uma qualidade inegável, e galardoada com diversos prémios, esteve profundamente ligada à afirmação da mulher no espaço público, sendo a primeira mulher a integrar os órgãos diretivos da Sociedade Nacional de Belas-Artes, organizou a 1ª Exposição Feminina de Ates Plásticas e foi uma das impulsionadoras para a criação do então Museu Regional da Guarda (predecessor do Museu da Guarda), organizando a exposição inaugural do mesmo, e ao qual doou vários trabalhos da sua autoria." Refere o Museu da Guarda numa nota a propósito desta pintura que hoje evidencia.
 
Fonte: Museu da Guarda

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publicado às 11:00

Postal citadino

por Correio da Guarda, em 06.03.25

Guarda_Igreja_HS

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publicado às 21:07

Espaço de memória e diálogo

por Correio da Guarda, em 05.03.25

 

A denominada imprensa regional tem, no nosso país, uma expressão muito particular. No passado século, ao longo do território nacional, floresceram os mais variados títulos que deram voz a múltiplas posturas e cuja influência deixou traços indeléveis na historiografia regional.

Muitos desses jornais evoluíram, como sabemos, em função das conjunturas políticas, sociais e económicas; os seus exemplares constituem, inquestionavelmente, importantes documentos para o estudo do perfil de cada região, das mentalidades, das instituições e das vivências.

Os jornais, se por um lado representam um rico espólio cultural são, por outro, um auxiliar precioso na investigação que se pretenda efetuar, em vários domínios, acerca da região em que foram editados ou à qual circunscreveram a sua cobertura, independentemente da periodicidade.

A imprensa regional tem, por mérito próprio, um lugar de destaque na cultura portuguesa, constituindo um baluarte da forma de estar e de ser, das nossas gentes, das nossas terras; foi um eminente elo de ligação com aqueles que residiam noutras regiões e com os nossos compatriotas radicados na Europa ou noutros continentes, mantendo ainda essa presença, alargada hoje sobretudo através das plataformas digitais.

Trabalhar com profissionalismo e serenidade na imprensa regional não se pode dizer que, mesmo nos dias de hoje, seja tarefa fácil; só quem conhece e sente os seus problemas (mormente financeiros), o entusiasmo do ciclo do nascer e morrer de cada edição pode apreender verdadeiramente a vivência e peculiar dos jornais, barómetros permanentes dos factos e conjunturas das zonas em que são editados, outrossim um motor de energias e esperanças.

A imprensa regional tem sabido afrontar o seu destino, as suas vicissitudes, alimentando o direito à informação, desempenhando a sua função social. O número de publicações periódicas tem oscilado, mas a região da Guarda não perdeu, felizmente, a sua rica tradição jornalística. O distrito, como bem evidenciou J. Pinharanda Gomes, foi “pioneiro da imprensa política regional e da imprensa católica nacional”.

Guilhotina Manual, pormenor_Foto HS

A história da imprensa e da cultura cruza-se com os equipamentos tipográficos pois em tantas situações foi acertado “o passo espiritual pela celeridade mecânica” que se refletiu também noutros sectores da vida económica e social.

Como tem acontecido com outras parcelas do nosso património, o esquecimento atingiu as velhas peças das antigas tipografias, elementos primordiais para o conhecimento da evolução operada no sector gráfico.

Nesta região existem (por enquanto e se não houver atitudes/medidas de preservação e salvaguarda) testemunhos desse percurso, de uma época em que as máquinas de impressão não tinham o auxílio da energia elétrica, a composição era manual e as zincogravuras eram indispensáveis para ilustração dos textos. Estamos perante realidades tão próximas e simultaneamente tão distantes; espaços onde se cruzaram saberes, arte, experiências múltiplas, vidas, entusiasmos, dificuldades, episódios ímpares de que brotaram as mais diversas publicações ou trabalhos gráficos.

Continuamos alheios a um património que corre o risco de se perder irremediavelmente, face à marcha célere do progresso, da evolução técnica, do redimensionamento dos mercados ou das novas exigências empresariais e comerciais.

É imperioso alertar/sensibilizar a comunidade, as instituições e entidades para que sejam desencadeadas as necessárias estratégias de forma a não se perderem os insubstituíveis valores existentes, assegurando o seu e conhecimento pelas gerações do presente e do futuro, facilitando e incentivando o seu estudo, num adequado espaço de memória e diálogo.

 

Hélder Sequeira

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publicado às 18:00

Julgamento do Galo na Guarda

por Correio da Guarda, em 02.03.25

Galo 2025_  (HS_ 182) 

Galo 2025_  (298_HS_ ) 

Na Guarda decorreu hoje o Julgamento do Galo do Entrudo, espetáculo que decorreu na Praça Luís de Camões (Praç Velha). Foi antecedido de um desfile carnavalesco que se inciou, pelas 17h30 na Avenida Rainha D. Amélia.

 

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publicado às 23:53

Lembrar Augusto Gil...

por Correio da Guarda, em 26.02.25

 

“Batem leve, levemente,

Como quem chama por mim…

Será chuva? Será gente?

Gente não é certamente

E a chuva não bate assim…

 

O poeta Augusto Gil, o autor da conhecida “Balada da Neve” é, seguramente, uma das figuras mais conhecidas da galeria de guardenses ilustres. Hoje assinala-se o 96º aniversário da sua morte.

Augusto César Ferreira Gil nasceu na freguesia de Lordelo, Porto, a 30 de julho de 1870; berço fortuito devido à circunstância de sua mãe se encontrar ali, acidentalmente. A família era toda Beira: “o pai do Maçal do Chão, concelho de Celorico; a mãe nada e criada na própria sede do concelho. Desde a idade de três meses, Gil residiu na Guarda, que ele considerava, pelos laços de sangue e do coração, como sua terra natal”. Escreveu Ladislau Patrício, biógrafo e cunhado do poeta.

 Gil passou a maior parte da sua vida na mais alta cidade de Portugal e aqui fez os primeiros estudos; frequentou, depois, o Colégio de S. Fiel, após o que regressou à Guarda, onde se encontrava em 1887. Tempo depois, ingressou como voluntário na vida militar que deixou com o início dos estudos na Escola Politécnica; estes seriam interrompidos, contudo, por motivo de doença. Em finais de 1889 foi autorizado a frequentar a Escola do Exército onde o aproveitamento letivo não foi exemplar; passados dois anos, em maio de 1891, ingressou no Regimento de Infantaria 4 e aí prestou serviço até ao mês de novembro.

De novo na Guarda, Augusto Gil fez nesta cidade, em 1892 e 1893, os exames do Liceu, rumando posteriormente para Coimbra, em cuja Universidade cursou Direito; na cidade do Mondego teve como companheiros Alexandre Braga, Teixeira de Pascoais, Egas Moniz e Fausto Guedes Teixeira, entre outros. Concluída a formatura, em 1898, Augusto Gil regressou à Guarda; neste período a vida não lhe correu de feição e foi confrontado com diversos problemas, de ordem profissional e de ordem económica; pretendeu exercer advocacia, mas não conseguiu “clientela que lhe desse ao menos para sustentar o vício do tabaco”; curiosamente, o poeta já tinha vaticinado estas dificuldades “na aldeia sertaneja, onde hei-de ser/o melhor poeta e o pior legista”.

AUGUSTO GIL

Desejou ser professor provisório do Liceu, mas o conselho escolar dessa época não o considerou competente para reger a cadeira de português. Ao longo dos anos sucederam-se diversas contrariedades e episódios que deixaram traços indeléveis no percurso literário de Augusto Gil. Decidiu ir para Lisboa e foi trabalhar com Alexandre Braga; em 1909 regressou à Guarda, enredado em dificuldades financeiras.

Com a implantação da República, impulsionou o aparecimento do Centro Republicano da Guarda e fundou o semanário “A Actualidade”, que dirigiu entre 1910 e 1912. Embora este jornal tenha surgido com meio de promoção do ideário republicano, assumiu um pendor acentuadamente literário, contando com a colaboração do Pd. Álvares de Almeida, Ladislau Patrício, Amândio Paul e Afonso Gouveia, para além de outras personalidades.

No mês de novembro de 1911 - quando João Chagas fez parte, pela primeira vez, de um governo da República – Augusto Gil foi nomeado Comissário da Polícia de Emigração Clandestina, pelo que foi viver para Lisboa. No ano seguinte casou com Adelaide Sofia Patrício, irmã do segundo diretor do Sanatório Sousa Martins, o médico e escritor Ladislau Patrício.

Após ter exercido, durante escassos meses, o cargo de Governador Civil de Aveiro, voltou para a capital onde teve, em 1918, uma passagem pelo Ministério da Instrução Pública; no ano seguinte foi nomeado Diretor Geral das Belas Artes. Em Lisboa foi uma figura altamente conceituada nos meios intelectuais e sociais; assim não é de estranhara a homenagem de que foi alvo no Teatro Nacional, em 19 de junho de 1927. A comissão promotora dessa iniciativa integrou nomes como Júlio Dantas, José Viana da Mota, Henrique Lopes de Mendonça, Columbano Bordalo Pinheiro, Eduardo Schwalbach e Gustavo Matos Sequeira. Distinguido com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada e com a Ordem da Coroa da Bélgica Augusto Gil foi eleito, em 12 de abril de 1923, por unanimidade, sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

O trabalho de Augusto Gil cruzou-se, frequentemente, com períodos de grande sofrimento, resultado da doença que o atormentava. “A doença que desde o primeiro quartel da existência o consumiu e as dificuldades materiais com que sempre mais ou menos lutou, encontram-se no fundo de toda a sua obra, e que sabe se até não a condicionaram”, observou Ladislau Patrício num apontamento biográfico sobre o poeta.

Nomeado Secretário-Geral do Ministério da Instrução Pública não chegou a tomar posse desse cargo pois morreu a 26 de fevereiro de 1929, numa casa situada na Rua Bartolomeu Dias, em Lisboa. O seu falecimento foi notícia destacada nos principais jornais do país e, naturalmente, pela imprensa da Guarda, em cujas páginas se sucederam as mais elogiosas referências ao homem e ao poeta.

O funeral de Augusto Gil (a 1 de março, na Guarda) constituiu, de acordo com os relatos jornalísticos da época, uma grande manifestação de pesar. “Tudo o que a Guarda tem de mais distinto acorreu a tomar parte na sentida homenagem” e participar no cortejo fúnebre que se “revestiu de desusada imponência”.

Os restos mortais de Augusto Gil repousam num jazigo localizado logo à entrada do cemitério municipal da Guarda, ostentando dois versos de “Alba Plena”: “E a pendida fronte, ainda mais pendeu.../E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...”

“Musa Cérula”, “Versos”, “Luar de Janeiro”, “O Canto da Cigarra”, “Gente de Palmo e Meio”, “Sombra de Fumo”, “Alba Plena”, “Craveiro da Janela”e “Avena Rústica” foram as principais produções literárias deste poeta, cujo trabalho evoluiu quase à margem de escolas ou correntes literárias. “Não é um romântico, nem parnasiano, nem simbolista: é ele – o Augusto Gil – nome que é um gracioso ritmo”, observou Bulhão Pato.

Sampaio Bruno considerava-o, numa missiva que lhe dirigiu em 1915, “um dos raros e grandes escritores” do país, pois “tem emoção e é poeta; tem correcção, e é artista. Ter emoção e ter correcção é a sua perfeição”. Muitos dos versos de Augusto Gil passaram para o cancioneiro popular, como sublinharam alguns estudiosos da sua obra, suportada num verso melodioso e num ritmo suave.

Foi e é um dos poetas entre nós a quem o povo mais abriu o coração, e quando o povo abre o coração a um poeta, o seu amor repercutir-se-á pelo tempo além”, como anotou João Patrício. De facto, se Augusto Gil cultivou a poesia, as letras, cultivou também o seu amor pela Guarda onde escreveu uma grande parte dos seus melhores poemas; a cidade bem se pode orgulhar do seu “mais alto poeta” e recordá-lo é um dever de memória.

 

Helder Sequeira

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publicado às 21:46

Documentário "Mãos da Terra"

por Correio da Guarda, em 25.02.25

 

O filme “Mãos da Terra”, com realização do guardense Luís Sequeira, conquistou o terceiro lugar do Prémio Sophia Estudante (2025), da Academia Portuguesa de Cinema, na categoria de melhor curta-metragem de documentário.

Este filme, rodada em Paradela do Rio (Montalegre), “é uma ode à criatividade, resiliência e à beleza que podemos encontrar nas formas mais simples da vida”, celebrando a obra História de Vida, da autoria de José Teixeira, e dando a conhecer “o legado eterno do artista e as raízes que deixou plantadas neste mundo”; uma vida contada através de peças de cerâmica.

O filme foi produzido no âmbito do curso de Cinema da Universidade da Beira Interior.

Documentário MÃOS DA TERRA _de Luís Sequeira_

 

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publicado às 16:23

Liliana Carona: prémio internacional de jornalismo

por Correio da Guarda, em 24.02.25

 

A jornalista Liliana Carona, diretora do Notícias de Gouveia, vai receber na próxima sexta-feira, em Zagreb (Croácia) o prémio internacional de Jornalismo e Literacia Mediática do Festival Vozes.

Este prémio de jornalismo é uma iniciativa da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) em parceria com a Comissão Europeia. Liliana Carona é a única portuguesa premiada, na categoria “Resiliência Local”.

A atribuição deste prémio a Liliana Carona surge com a apresentação da reportagem intitulada “Violência doméstica no distrito: taxas elevadas preocupam agentes locais” e igualmente como resultado do trabalho desenvolvido enquanto mentora e criadora do programa In Press Cool, entre outras iniciativas – daquela jornalista – de promoção da literacia mediática em contexto escolar.

Liliana Carona

O Vozes é um evento pioneiro que visa reformular a relação com a informação; desde a abordagem da evolução do jornalismo num panorama mediático em rápida mutação até à capacitação dos cidadãos com as ferramentas para navegarem nestas mudanças, proporcionando três dias repletos de centenas de participantes, mais de 70 oradores, sessões com curadoria, workshops interativos, exposições e oportunidades de networking.

Os Prémios Vozes constituem um concurso internacional anual que recompensa ideias inovadoras e agentes de mudança em torno dos temas do jornalismo e da literacia mediática. Um evento itinerante cofinanciado pela Comissão Europeia para celebrar o jornalismo e a literacia mediática na Europa. Este Festival apresenta uma dupla abordagem, uma vez que se debruça sobre a evolução do papel do jornalismo no nosso panorama mediático em rápida mutação, apoiando simultaneamente os cidadãos a avaliarem criticamente a informação e a navegarem na tecnologia de forma significativa.

Os Prémios Vozes reconhecem os trabalhos de jornalistas, professores e defensores da literacia mediática que melhor transmitem os valores e objetivos do Festival Vozes e incluem cinco categorias distintas: Em ascensão: utilização inovadora e ética da Inteligência Artificial no jornalismo; Impacto: reportagem de investigação transfronteiriça; Resiliência local: reportagens locais para as comunidades europeias; Jovens notáveis: jornalistas promissores com menos de 30 anos e Talento emergente: o melhor do jornalismo sobre o clima.

Os prémios atribuídos correspondem às despesas de participação no Festival ‘Vozes’ a decorrer no Museu de Arte Contemporânea em Zagreb, de 28 de fevereiro a 1 de março de 2025. Os vencedores na área do jornalismo são Giacomo Zandonini (Itália), na categoria 'Impacto”; Liliana Carona (Portugal), na categoria “Resiliência local”; Ivana Milosavljević (Sérvia), na categoria “Juventude notável” e Jenny Tsiropoulou (Grécia), na categoria “Talento emergente”.

A propósito do Vozes é referido que “vivemos em um mundo onde a informação é abundante, mas notícias precisas nem sempre são fáceis de encontrar. O Vozes surge para aproximar cidadãos, jornalistas e profissionais dos media”, celebrando “os papéis fundamentais que o jornalismo e o público informado desempenham nas sociedades”, sem esquecer a necessidade de promoção do pensamento crítico em torno da desinformação.

Antes da Croácia, o Vozes começou em Florença em março de 2024; mais de 1.300 participantes assistiram a sessões abordando inteligência artificial e jornalismo, desinformação, segurança de jornalistas, desafios dentro dos modelos económicos dos media, alfabetização mediática, integridade das eleições, parentalidade digital e bem-estar digital, entre outros.

“O festival é uma iniciativa itinerante que percorre diferentes cidades europeias para interagir com diferentes comunidades, ao mesmo tempo que enfatiza a liberdade de imprensa e a cultura mediática como elementos essenciais para o funcionamento das nossas sociedades.” Refere a organização do Vozes.

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publicado às 19:00


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