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A rádio numa noite de memórias...

por Correio da Guarda, em 22.10.23

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Ontem, dia 21 de outubro de 2023, subiu à cena, no palco do Grande Auditório do Teatro Municipal da Guarda, a peça “Guarda a nossa Rádio”.

Esta peça é, ante de mais, a celebração da rádio e, simultaneamente, uma proposta de reflexão sobre a função social deste meio de comunicação; sobretudo em regiões do interior onde nunca serão de mais as vozes que possam dar voz às populações, aos valores culturais e históricos, ao presente, aos sonhos do futuro.

A rádio continua a ter um papel fundamental na informação local e regional, na defesa da identidade destas terras e gentes. Nesta peça – cujo texto pode ser adaptado ou interpretado em diferenciados contextos geográficos, onde a rádio esteja presente – o espetador é levado para um estúdio de Rádio, onde há vozes, músicas, memórias, sentimentos, sonhos, paixão, afetos; é desafiado a assistir a um programa de rádio, numa noite especial, onde se cruzam três gerações e que proporciona a revisitação de múltiplas estórias; a evocação de distintas vivências marcadas pela magia da rádio. No final há uma inesperada revelação e um comovido apelo para que a rádio se continue a reinventar e afirmar no futuro…

Peça de teatro GUARDA A NOSSA RÁDIO_helder seque

 

 

 

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publicado às 23:37

Peça de teatro celebra a Rádio

por Correio da Guarda, em 19.10.23

 

O próximo dia 21 de outubro é uma data com um significado particular no historial da Rádio Altitude (RA), que está a comemorar o 75º aniversário. Isto porque no ano de 1947 era aprovado um regulamento onde estavam definidas as orientações para o indispensável e normal desenvolvimento das emissões radiofónicas da futura estação CSB-21.

Para a estação emissora da Caixa Recreativa do Sanatório Sousa Martins era definido o objetivo de proporcionar aos doentes “certas distrações compatíveis com a disciplina do tratamento”, acrescentando-se que a estação iria funcionar “sob administração direta da Comissão Administrativa, que nomeará um dos seus membros para Diretor dos respetivos serviços”.

De acordo com o referido regulamento, o diretor dos serviços tinha a seu “cargo a orientação geral das emissões e as regras que presidem à administração corrente, mas a criação de receitas e a realização de despesas terão de ser aprovadas segundo os termos normais da Caixa Recreativa”.

Num dos artigos determinava-se que “os produtores, locutores e operadores serão pessoas em condições suficientes de saúde para exercerem as respetivas funções e os nomes serão apresentados à Direção do Sanatório para aprovação”; a antecipada e cuidada organização (com 48 horas de antecedência) dos programas constituía uma das exigências que integravam o documento, “embora sem prejuízo da atualidade que os assuntos podem merecer.”

Aos locutores era recomendado que falassem de harmonia com os programas que teriam sob a sua responsabilidade “e não poderão exceder-se em trabalho nem levantar a voz”, sendo referido que “os operadores deverão colaborar com os locutores da maneira mais adequada e conducente à boa realização dos programas” e estipulada a permissão de serem acumuladas na mesma “pessoa as funções de produtor e locutor”.

Este regulamento não era totalmente alheio ao contexto político e social da época; daí que, embora ficasse garantida aos produtores dos programas a “liberdade na escolha dos assuntos”, fossem alertados para o facto de não serem permitidos “assuntos de ordem política”, mas eram consentidos “assuntos de ordem religiosa, desde que acatem os princípios católicos”.

Outra norma orientadora – o que se compreende face ao circunscrito auditório dessa época – dizia respeito à indicação de que não deviam “ser escolhidos temas pessimistas ou de orientação prejudicial à boa disposição dos doentes”.

Um artigo do regulamento da Rádio Altitude fazia menção específica ao programa “Simpatia”, o qual era “preenchido com os discos pedidos pelos radiouvintes”; esse espaço radiofónico não devia “exceder metade da emissão total, enquanto for organizado diariamente”. Por outro lado, “as dedicatórias que acompanhem os pedidos” tinham de ser escritas “por forma a facilitar a locução” e não poderiam “ir além de 50 palavras, tratando-se de prosa, ou de 16 versos, se os solicitantes adotarem poesia”.

No mesmo artigo era clarificado que as dedicatórias deveriam “ser corretas e de harmonia com o carácter de relações existentes entre pessoas decentes”, tendo de ser apresentadas até às 14 horas. “As dedicatórias que forem entregues depois dessa hora não serão transmitidas no próprio dia.”

Este regulamento, aprovado por Ladislau Patrício (que era o Diretor do Sanatório Sousa Martins e desde cedo percebeu a importância e o alcance da Rádio), para além da informação que nos transmite sobre a vivência radiofónica de então e a forma como era desenvolvida, a par das preocupações de balizar os conteúdos programáticos das emissões, remete-nos para um tempo onde se solidificavam os alicerces da emissora. A inauguração oficial da rádio ocorreria, como é sabido, a 29 de julho do ano seguinte.

Peça GUARDA A NOSSA RÁDIO_foto Helder Sequeira -

Interessante coincidência é a estreia no palco do Grande Auditório do Teatro Municipal da Guarda da peça “Guarda a nossa Rádio”, no próximo sábado – 21 de outubro -data em que passam 76 anos a aprovação do primeiro regulamento da RA.

Esta peça é, ante de mais, a celebração da rádio e, simultaneamente, uma proposta de reflexão sobre a função social deste meio de comunicação; sobretudo em regiões do interior, como esta zona da Beira Serra, onde nunca serão de mais as vozes que possam dar voz às populações, aos valores culturais e históricos, ao presente, aos sonhos do futuro.

A rádio continua a ter um papel fundamental na informação local e regional, na defesa da identidade destas terras e gentes. Nesta peça – cujo texto pode ser adaptado ou interpretado em diferenciados contextos geográficos, onde a rádio esteja presente – o espetador é levado para um estúdio de Rádio, onde há vozes, músicas, memórias, sentimentos, sonhos, paixão, afetos; é desafiado a assistir a um programa de rádio, numa noite especial, onde se cruzam três gerações e que proporciona a revisitação de múltiplas estórias; a evocação de distintas vivências marcadas pela magia da rádio. No final há uma inesperada revelação e um comovido apelo para que a rádio se continue a reinventar e afirmar no futuro.

Guarda a Nossa Rádio_teatro_foto Helder Sequeira

Há referências especiais, nomes e vozes que serão percetíveis aos espetadores. Essas personagens, como referi anteriormente, dão ao espetador a liberdade de as associar a outras vivências. São os afetos e a paixão pela Rádio que alimentam os diálogos, as memórias.

Deixamos, aos leitores, o convite para celebrarem também a rádio e para a conhecerem por dentro; para entrarem no estúdio, reterem gestos e movimentos, penetrando nos pensamentos de quem está frente ao microfone, perante muitos rostos imaginários que estão do outro lado.

A sua presença será uma manifestação do apreço pela rádio, pela sua história, pela sua importância na sociedade de hoje; será também a expressão de que estão empenhados na Guarda da rádio e naquilo que ela significa enquanto memória coletiva.

 

Hélder Sequeira

in O Interior | 18-out-2023

 

 

 

 

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publicado às 10:00

Reinventar a Rádio

por Correio da Guarda, em 15.10.23

 

O futuro da rádio – alicerçado em pilares de competência, profissionalismo e experiência – passa pela sua reinvenção e perceção da sua inconfundível magia.

Ouça aqui.

Estúdio - Home Studio  - fot Helder Sequeira.jpg  

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publicado às 08:30

Rádio Altitude: 75º aniversário

por Correio da Guarda, em 25.07.23

 

No dia 29 de julho de 1948 começaram na Guarda as emissões oficiais da Rádio Altitude, uma das mais antigas estações portuguesas que tem mantido a mesma designação e emissões contínuas a partir dessa data.

Rádio Altitude - Microfone antigo - HS.jpg

Esta emissora “iniciou a sua sessão e, com ela, a sua vida oficial transmitindo depois do disco indicativo da estação, a saudação Salvé Rádio Altitude! proferida pela menina Aurora da Cruz, que foi escolhida para madrinha do Posto Emissor. Falou, em primeiro lugar, o Sr. Carlos Alberto Pereira, Vice-Presidente da Caixa Recreativa, que – anunciado pelo locutor de serviço com palavras de justa homenagem e consagração – começou por dizer: Rádio Altitude, posto emissor deste Sanatório, vai ser inaugurado oficialmente, depois de um período em regime experimental”. Assim noticiou o Bola de Neve, um jornal editado no Sanatório Sousa Martins.

Como escrevemos no livro “O Dever da Memória – Uma Rádio no Sanatório da Montanha” (publicado em 2003), a Rádio Altitude é uma emissora com interessantes particularidades, originada no seio das experiências radiofónicas que ocorreram no Sanatório Sousa Martins, cerca de 1946. Nessa altura, as rudimentares emissões circunscreviam-se ao pavilhão do Sanatório onde estava concentrado o grupo de doentes (de tuberculose) pioneiros deste projeto; apenas com a construção de novo emissor foi ganhando dimensão a aventura radiofónica.

No ano de 1947, o médico Ladislau Patrício (segundo diretor do Sanatório Sousa Martins), aprovou (a 21 de outubro) o primeiro regulamento da emissora, onde estavam definidas algumas orientações muito claras sobre o seu funcionamento; em finais desse ano as emissões já eram escutadas na malha urbana da Guarda. O início oficial das emissões regulares ocorreu, como atrás foi dito, em 29 de julho de 1948; um ano depois (1949) foi-lhe atribuído o indicativo CSB 21, identidade difundida por várias décadas.

Luis Coutinho_Rádio ALTITUDE .JPG 

Luis Coutinho num dos estúdios iniciais da Rádio Altitude.

 

A propriedade do primeiro emissor pertenceu, inicialmente, à Caixa Recreativa dos Internados no Sanatório Sousa Martins e mais tarde ao Centro Educacional e Recuperador dos Internados no Sanatório Sousa Martins (CERISSM). Com a criação do CERISSM pretendeu-se auxiliar os doentes, especialmente no que dizia respeito “à sua promoção social e ocupação dos tempos livres”. Aliás, foi no seio dos sanatórios que surgiram originais projetos radiofónicos – como seja a Rádio Pólo Norte (maio de 1939) no Sanatório do Caramulo, e a Rádio Pinóquio, no Sanatório das Penhas da Saúde (Covilhã), para referirmos os mais próximos. Noutros contextos, nomeadamente geográficos, foram instituídas outras emissoras, de âmbito regional ou local; em maio de 1948 o Posto Emissor do Funchal tinha iniciado as suas emissões e já no ano anterior, mês de outubro, tinha começado a emitir oficialmente a Rádio Clube Asas do Atlântico (com o indicativo CSB-81).

Na Guarda, o CERISSM foi uma autêntica instituição de solidariedade; para além de viabilizar a afirmação e implantação da Rádio Altitude, desenvolveu uma vasta obra assistencial, sobretudo sob o impulso do médico Martins de Queirós, (o quarto e último diretor do Sanatório guardense).

Em 1961, mediante autorização oficial, a Rádio Altitude passou a ter como suporte económico-financeiro as receitas publicitárias, que em muito contribuiriam para o auxílio dos doentes mais carenciados. As emissões da rádio guardense evoluíram, ao longo das primeiras décadas em função das disponibilidades técnicas, dos recursos humanos e financeiros, mas encontrando sempre no, crescente auditório, uma grande simpatia e um apoio incondicional.

Programa SONS DA MADRUGADA.jpg

Até 1980 a Rádio Altitude emitiu na frequência de 1495 Khz, em onda média (abrangendo não só o distrito da Guarda, mas igualmente os distritos de Viseu e Castelo Branco e algumas das suas áreas limítrofes), altura em que a sua sintonia passou a ser feita no quadrante dos 1584 khz. Após 1986, e com a liberalização do espectro radioelétrico passou a emitir também em frequência modulada (FM), em 107.7 Mhz, alterada, em 1991, para os 90.9 Mhz, que mantém na atualidade.

No ano de 1998, depois de ter sido determinada a extinção do Centro Educacional e Recuperador dos Internados no Sanatório Sousa Martins, foi decidida a realização de uma consulta pública, com vista à “transmissão da universalidade designada Rádio Altitude”, considerada a “única estrutura em funcionamento do ex-CERISSM”. A estação emissora entrou assim, com a sua aquisição por parte da Radialtitude–Sociedade de Comunicação da Guarda, num capítulo novo da sua existência, mantendo a ligação física ao antigo espaço do Sanatório Sousa Martins, hoje designado Parque da Saúde.

Celebrar o 75º aniversário das emissões regulares da RA é lembrar que estamos perante uma rádio muito especial para a Guarda e região da beira serra, sendo uma inquestionável referência na história da radiodifusão sonora em Portugal. Uma rádio de afetos, memórias, vivências, dedicação, serviço público, criatividade, formação, espírito solidário. Uma rádio que, sem sombra de dúvidas, permanece na memória coletiva das gentes beirãs.

Esta é uma emissora associada a muitas vozes e rostos, a sonhos, diferenciados contributos, afetos, ideias, originalidades, presenças e solidariedade. A sua génese, a longevidade, o percurso ímpar e a matriz beirã conferem-lhe um estatuto especial, transformando-a num ex-libris da Guarda.

Este é o tempo de honrarmos os múltiplos contributos pessoais e institucionais que foram engrandecendo a RA, sem cairmos em atitudes derrotistas ou de confronto estéril; privilegiando, obviamente, uma postura de crítica construtiva, afirmada objetivamente e protagonizada sem tibiezas ou sob a capa do anonimato.

Escrevemos sobre uma rádio com um historial ímpar; uma estação por onde passaram muitos profissionais e colaboradores; uma emissora que foi uma autêntica escola de rádio e jornalismo, laboratório de muitos projetos radiofónicos, de que o Escape Livre (o mais antigo programa sobre automobilismo em Portugal) é um excelente exemplo.

É toda uma história que implica uma maior responsabilidade a quem faz, atualmente, esta rádio. Desejamos, muito sinceramente, que a efeméride assinalada seja um marco de reafirmação da rádio, uma celebração das suas potencialidades, a entrada numa fase de conquista do futuro, mantendo a essência da rádio, uma atitude profissional, pluralismo, qualidade de conteúdos programáticos e plena consciência da eminente função social

Parabéns à Rádio Altitude !

 

Helder Sequeira

 

 

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publicado às 08:30

Entender e reinventar a Rádio

por Correio da Guarda, em 21.06.23

 

O panorama atual das rádios portuguesas é substancialmente diferente daquele que era vivido há duas ou três décadas. Houve uma seleção natural das estações nascidas sob o alvor da regulamentação do espectro radioelétrico, face a condicionalismos de vária ordem; mormente da necessidade de serem afirmados projetos pautados pelo profissionalismo, com um esclarecido entendimento da função social da rádio.

O suporte económico-financeiro não deixou de ser um fator importante, sobretudo em zonas de baixa densidade populacional, como a nossa, onde as fontes de receita proporcionadas pela publicidade diminuíram de forma drástica. A pandemia fez-se também notar de forma impiedosa, ainda que chamando a atenção para novas fórmulas de desenvolvimento do trabalho na rádio.

Microfone _ estúdio_ HS .jpg

A diminuta fatia (quando existente) da publicidade institucional acentuou ainda mais a preocupante realidade de muitas estações. Os projetos radiofónicos não evoluem se não for garantida a sua sustentabilidade financeira, a sua autonomia e, simultaneamente, criadas dinâmicas capazes de reforçarem a qualidade dos conteúdos programáticos, ampliarem audiências, aproximarem-se dos seus destinatários e interlocutores.

Será oportuno recordar que nos fins genéricos da atividade de radiodifusão se inscreve a obrigação de contribuir para a informação do público, garantindo aos cidadãos o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações. Por outro lado, a lei estabelece que às rádios compete contribuir para a valorização cultural da população, assegurando a possibilidade de expressão e o confronto das diversas correntes de opinião, através do estímulo à criação e à livre expressão do pensamento e dos valores culturais que traduzem a identidade nacional.

O debate em torno do perfil da rádio, na atualidade e no futuro, tem suscitado posturas diferenciadas, mas convergentes quanto à sua continuidade. Para alguns, a rádio tem de resistir à tentação de perder a sua credibilidade na concorrência diária que enfrenta com as redes sociais e media socias. Essa credibilidade passa pelo rigor e salvaguarda permanente da sua função informativa, pela ação ao nível do entretenimento, nas várias vertentes.

Tendo em consideração a constante evolução tecnológica e as tendências dos consumidores, é também defendido que caminhamos para a existência de menos rádios físicas e mais virtuais; para uma rádio interativa no plano musical, com a escolha por parte do ouvinte. Este cenário faz emergir novas exigências para os seus profissionais que têm de estar dotados de competências ao nível da utilização das redes sociais, da edição de áudio e vídeo relativa aos seus trabalhos; sejam peças informativas, sejam as intervenções específicas na programação regular.

Não esqueçamos que a humanização da rádio é fundamental; as pessoas não podem ser afastadas do processo evolutivo e do plano radiofónico. Um radialista espanhol escrevia, a este propósito, que quanto mais complexa é a tecnologia mais se valorizam os conteúdos humanos que existem no seu interior. Assim, importa evidenciar e valorizar a importância da voz na rádio, a presença do animador de emissão, que nos envolva no fascínio da rádio; o qual não é incompatível com a adequação das suas emissões a novas plataformas e meios de receção.

Longe vai o tempo da mobilidade que o transístor nos permitia; hoje o telemóvel está presente no nosso quotidiano, ultrapassando largamente a função de fazer ou receber chamadas. É arquivo, é meio de consulta e informação, meio de registo áudio ou vídeo, elo permanente de ligação com o mundo. A audição da rádio passa, igualmente, pelos dispositivos móveis. A rádio não pode olvidar estes novos recetores e a adequação das suas emissões para estes equipamentos; adequação que pode ser complementada com aplicações que agilizem e agendem alertas para programas, notícias, trabalhos específicos que interessem ao cidadão.

Neste contexto é fundamental centrar a atenção nos conteúdos programáticos. Percebe-se, cada vez mais, que o ouvinte escolha perfis identitários numa emissora onde a diferença da oferta informativa e musical constitua uma possibilidade de opção face à uniformidade das propostas radiofónicas; geralmente com a exaustiva repetição de músicas, com a sucessiva reedição de temas de política nacional ou local, com demasiado peso da opinião de comentadores, com a redundância de temáticas que podem ser gratas aos intervenientes de um espaço de debate radiofónico, mas não têm o mesmo interesse para a generalidade de quem escuta.

Escrevíamos, nas linhas anteriores, que os conteúdos humanos são fundamentais, mesmo com o atual quadro tecnológico. De facto, é por uma rádio com gente dentro, por uma rádio atenta à realidade local dando expressão a quem tenha algo de novo e diferente para dizer, que passa também o futuro da rádio, muito para além dos limites definidos pelas ondas hertzianas.

Aliás, “O Rádio sem Onda – convergência digital e novos desafios na radiodifusão” é o sugestivo título de um livro de Marcelo Kischinhevsky; uma publicação onde foi feita uma síntese da trajetória do rádio nas últimas décadas e de alguns caminhos para o futuro (alguns já do presente), onde ficam balizados o podcasting ou o rádio digital por assinatura.

Estes novos cenários da rádio devem merecer a indispensável atenção de forma que se potenciem recursos humanos, agilizem estratégias, se alcancem objetivos de audiência e se garanta uma posição de vanguarda. Claro que não podemos ser redutores quanto à questão de a rádio tradicional ter limites temporais na sua existência, nem ficarmos presos ao debate se a o rádio na internet é rádio.

Esta atividade não se pode alhear da evolução tecnológica, por um lado, nem alimentar, por outro, a ideia sublinhada por muitos de que o rádio tradicional ficará obsoleto como os discos de vinil. Não é verdade, muito menos para este exemplo, pois sabemos que o vinil emergiu com uma nova força e qualidade sonora.

Uma boa e completa informação (distribuída equilibradamente ao longo da emissão), numa estação de rádio, reforça a sua presença na zona onde se insere, atribui-lhe identidade, e visibilidade no contexto global. Como têm defendido vários investigadores da área dos media, “a força do jornalismo numa emissora de rádio local é o instrumento que lhe dá a sensação de plenitude local e regional”. A informação a privilegiar pela rádio local é a que está relacionada aos acontecimentos da proximidade; na opinião de Cebrián Herreros "o mais importante é cobrir as notícias que os demais não dão", mesmo que menos sensacionais.

O êxito de uma estação de rádio, em especial neste espaço geográfico do interior do país, passa por um entendimento objetivo dessa realidade e pela permanente aproximação e interação com a mesma. Desde logo com os setores populacionais circunscritos ao meio rural e que, não seguindo conteúdos informativos do meio televisão – por variadas razões – encontram na rádio a companhia diária, um interlocutor de proximidade, uma maior identificação.

Este trabalho das rádios implica um grande labor diário, uma permanente formação, atualização, a par de uma imprescindível interpretação dos contextos sociais, culturais, políticos e económicos. Um trabalho sério e isento, equidistante, sem declinar, naturalmente, uma salutar relação profissional sempre com a devida consciência das normas deontológicas e éticas.

O futuro da rádio – alicerçado em pilares de competência, profissionalismo e experiência – passa pela sua reinvenção e perceção da sua inconfundível magia.

 

Helder Sequeira

 

in jornal O Interior, 21_junho_2023

 

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publicado às 23:42

O Dia da Rádio...

por Correio da Guarda, em 13.02.23

Estúdio de Rádio_foto Helder Sequeira .jpg

A data de 13 de fevereiro foi designada em 2011 pelos estados-membros da UNESCO como Dia Internacional do Rádio. No ano seguinte esta escolha seria validada pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

A opção por esta data fica a dever-se ao facto de ter sido neste dia, em 1946, que a Rádio das Nações Unidas emitiu, pela primeira vez, um programa em simultâneo para um grupo de seis países.

Por esse ano ocorriam, na Guarda, as primeiras experiências de radiodifusão sonora, as quais estiveram na origem da Rádio Altitude. Evocar esta data é, também, exercer o dever de memória para com o pioneirismo da Guarda no campo da radiodifusão sonora.

Um pioneirismo materializado num projeto definido, oficialmente, em 1948 com as emissões regulares desta emissora; estação que continua a emitir e assinala o septuagésimo quinto aniversário.

Este ano, o dia 13 de fevereiro é celebrado sob o tema "O rádio e a paz", como alerta para a necessidade de um meio de comunicação forte e independente; de forma a sublinhar o seu papel na garantia da paz e da estabilidade.

No Dia Mundial da Rádio a UNESCO destaca as emissoras como pilares para a prevenção de conflitos e construção da paz; na atual conjuntura mundial faz todo o sentido evidenciar a função social da rádio e a responsabilidade de quem lhe dá voz e conteúdo.

O tempo presente continua a ser da rádio! De uma rádio cada vez mais interventivo que saiba construir o futuro. Deverá ser também o tempo de darmos uma nova e objetiva atenção às estações de radiodifusão existentes no interior de Portugal.

Onde muitas rádios foram perdendo o dinamismo inicial, esbatendo a identidade, afastando-se do quadro legislativo que definiu os seus objetivos, assumindo – em tantos casos – uma passiva retransmissão de outros canais.

É também o tempo de serem apoiadas as estações que, apesar das múltiplas dificuldades continuam “no ar” e que, infelizmente, apenas são lembradas no formalismo de datas comemorativas.

Apoiar estas emissoras é um imperativo moral e ato de justiça, pelo seu papel de serviço público que desenvolvem em prol das populações.

A rádio continua a ser indissociável das nossas vidas.

 

Helder Sequeira

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publicado às 00:01

Rádio em altitude...

por Correio da Guarda, em 18.01.23

 

O papel da Rádio como meio de comunicação, consciência e memória regional não deve ser esquecido, especialmente quando há uma inquestionável ligação afetiva entre as gentes beirãs e uma emissora – Rádio Altitude (RA) – com uma identidade distinta. Este é um ano particularmente importante numa imprescindível reflexão sobre passado, presente e futuro.

Em 2023 completam-se 75 anos após a inauguração oficial da RA, ainda com o indicativo CS2XT. Também este ano, e concretamente a 1 de fevereiro, passa o septuagésimo quinto aniversário da criação do jornal Bola de Neve. Dois projetos informativos e culturais que surgiram no seio do Sanatório Sousa Martins,

O Boletim Bola de Neve (como se definia inicialmente) surgiu a 1 de fevereiro de 1948, tendo como primeiro diretor o Engº Agrónomo Álvaro Martins da Silva. O periódico contou com a colaboração de diversas e eminentes figuras, nomeadamente Amorim Girão, Damião Peres, Nuno de Montemor, Miguel Torga, Joaquim Veríssimo Serrão, Gen. João de Almeida e Ladislau Patrício, entre outros.

Por outro lado, a atividade radiofónica desenvolvida, a partir de 1947, no Sanatório suscitou a preferência de muitos doentes. A rádio era – e é – um fascínio contagiante, acrescido pelo facto de não ser normal a possibilidade de contactar, de perto, com uma emissora de radiodifusão sonora.

A maior parte dos internados, no Sanatório Sousa Martins, que eram admitidos na rádio, designada de “Altitude”, ocupavam-se quer na manutenção técnica dos equipamentos de emissão ou de estúdio, quer no apoio administrativo ou no arquivo de discos e registos magnéticos. Setor onde se podia verificar uma irrepreensível catalogação; apenas os doentes com melhores condições de saúde, e outras características exigidas, eram escolhidos para efetuarem locução ou apresentação de programas.

O Bola de Neve noticiava, na edição de 1 de abril de 1948, que a Caixa Recreativa do Sanatório Sousa Martins tinha adquirido um aparelho emissor. “Poderemos escutar dos nossos quartos as festas realizadas e deliciarmo-nos com música do nosso agrado direto e recrearmo-nos com crónicas de são oportunismo de propósitos inofensivos. Além de que a organização dos programas distrai e desperta curiosidade, Rádio Altitude é mais um elemento de fraternidade entre os doentes do Sanatório – e, em destaque, uma nova regalia da Caixa Recreativa”.

No longínquo ano de 1948 a Rádio Altitude apresentava-se como “Posto Emissor CS2XT” (mais tarde foi-lhe atribuído o indicativo CSB-21), emitindo no comprimento de onda dos 212,5 m e na frequência de 1495 Kc/s.

Rádio Altitude - Microfone antigo - HS.jpg

Frequência na qual começou a ser emitido o mais antigo programa de rádio dedicado ao mundo automóvel, e outrossim à segurança rodoviária.O “Escape Livre” – iniciado em 13 de fevereiro de 1973 – sendo um espaço emblemático da Rádio Altitude é também um original exemplo de longevidade no panorama da radiodifusão sonora portuguesa.

Idealizado por Luís Celínio, este programa surgiu, curiosamente, num ano em que, face à crise energética verificada nessa época, foram proibidas as provas automobilísticas. Ainda estudante do então Liceu Nacional da Guarda, Luís Celínio era já um fervoroso adepto do desporto automóvel; a idade impedia-o, contudo, de conduzir e mesmo a sua pretensão a um veículo de duas rodas foi, pedagogicamente, convertida a favor de uma máquina de filmar, como prémio pelos bons resultados escolares. Este equipamento, que lhe permitiu o registo de inúmeras provas automobilísticas, acabou por constituir o ponto de partida para alguns projetos na área da comunicação social.

No Liceu da Guarda conheceu outro jovem entusiasta pelos automóveis, Francisco Carvalho, que estivera ligado em Trancoso (onde residia com os pais) a uma rádio-pirata local; para a qual idealizara um programa sobre desporto automóvel a que pretendia atribuir o nome de Escape Livre. O plano não foi concretizado e sugeriu esse nome a Luís Celínio, para o projeto deste, a concretizar na Rádio Altitude.

Após algum tempo, depois dos indispensáveis contactos, com a direção (liderada pelo Dr. Martins de Queirós, igualmente diretor do Sanatório Sousa Martins) e com o encarregado geral da Rádio, o programa começou a ser emitido – em onda média – às terças e quintas-feiras, com uma duração de 13 minutos; dois anos depois passou a ocupar sessenta minutos semanais da emissão da rádio, inicialmente às quartas-feiras (entre as 18 e as 19 horas), depois às quintas-feiras entre as 11 e as 12h e, posteriormente, nesse mesmo dia no horário das 18 às 19 horas.

Certamente que estas e outras memórias vão ser evocadas no próximo mês, aquando da passagem de meio século após a primeira emissão do programa Escape Livre, a partir da cidade da Guarda de onde continua a irradiar semanalmente.

Nestas despretensiosas notas quisemos sublinhar três gratas efemérides e, de forma especial, a longevidade de uma estação de Rádio que não pode esquecer os seus novos desafios e desígnios. Em especial num ano que merece ser evidenciado, enquanto marco importante na história de uma das rádios pioneiras em Portugal. Facto que a Guarda não deve esquecer…

 

Hélder Sequeira

 

in O INTERIOR, 18_jan_2023

 

 

 

 

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publicado às 22:52

A propósito da Rádio...

por Correio da Guarda, em 13.02.22

 

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A data de 13 de fevereiro foi designada em 2011 pelos estados-membros da UNESCO como Dia Internacional do Rádio. No ano seguinte esta escolha seria validada pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

A opção por esta data fica a dever-se ao facto de ter sido neste dia, em 1946, que a Rádio das Nações Unidas emitiu, pela primeira vez, um programa em simultâneo para um grupo de seis países.

Recordemos que por esse ano ocorriam, na Guarda, as primeiras experiências de radiodifusão sonora, as quais estiveram na origem da Rádio Altitude.

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Evocar esta data é, também, exercer o dever de memória para com o pioneirismo da Guarda no campo da radiodifusão sonora; pioneirismo materializado num projeto definido, oficialmente, em 1948 com as emissões regulares desta emissora; estação que continua a emitir a partir da mais alta cidade de Portugal.

“Rádio e Confiança” é o tema proposto este ano, pela UNESCO para a comemoração deste Dia Mundial da Rádio. A UNESCO justifica que este meio é um dos mais confiáveis e acessíveis, segundo diversos relatórios internacionais.

De facto, o tempo presente continua a ser da rádio! De uma rádio cada vez mais interventivo que saiba construir o futuro.

Deverá ser também o tempo de darmos uma nova e objetiva atenção às estações de radiodifusão existentes no interior do país.

Muitas das quais foram perdendo o dinamismo inicial, esbatendo a identidade, afastando-se do quadro legislativo que definiu os seus objetivos, assumindo – em tantos e conhecidos casos – uma passividade retransmissora de outros canais.

É também o tempo de serem apoiadas as estações que, apesar das múltiplas dificuldades continuam “no ar” e que, infelizmente, apenas são lembradas aquando de datas comemorativas, como esta hoje destacada.

Apoiar estas emissoras é um imperativo moral e ato de justiça, pelo seu papel de serviço público que desenvolvem em prol das populações.

A rádio continua a ser indissociável das nossas vidas.

 

Hélder Sequeira

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Sandra Esteves: o “Alta Voltagem” foi inovador

por Correio da Guarda, em 21.11.21

 

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Sandra Esteves nasceu em Lisboa, no ano de 1971, mas com seis meses foi viver para Vila Nova de Foz Côa com os seus pais. “O facto de eles serem de uma aldeia perto, e terem um café muito conhecido, fez com que, para mim, fosse fácil comunicar. Fui sempre muito destemida e de arregaçar as mangas no que toca a trabalho e de ajudar no que fosse preciso”. Afirmou ao CORREIO DA GUARDA.

Desde a sua infância que a música a acompanhou, bem como ao grupo de amigos. “Como as redes sociais não existiam, muito menos telemóveis, os tempos livres na infância e adolescência, para além de ajudar os meus pais e de estudar, eram passados a brincar na rua, ensaios de teatro, grupo coral, grupo de jovens e de dança.”

Em 1990, com 18 anos, vem estudar para o Politécnico da Guarda. Nesse mesmo ano, um dos seus sonhos “torna-se realidade com entrada para a Rádio Altitude, conciliando o trabalho radiofónico (em part time), com os estudos, o qual mantive até terminar o curso superior.”

Em 2001 por razões de ordem professional foi viver para Aveiro, onde reside.

 

 O que é feito de si? O que faz atualmente

Trabalho na minha área de formação académica (Secretariado de Administração)

 

 Que comparação ou diferenças acentua entre a Guarda e a cidade onde vive atualmente?

Embora sejam ambas as cidades capitais de distrito, não são cidades muito grandes, o que para mim é bom. A cidade da Guarda é uma cidade do interior com menos população. A cidade de Aveiro tem mais população e mais desenvolvimento e devido à proximidade com o mar, potencializa uma maior procura de turismo e oferta de mais oportunidades de trabalho.

 

A sua vida cruza-se com a Rádio. Como entrou para o mundo da rádio?

Em 1990, com 18 anos e com a entrada para o ensino superior (Instituto Politécnico da Guarda). O meu interesse pela rádio e por música, já vem desde a minha infância. A rádio sempre exerceu sobre mim um grande fascínio, até porque falava na minha Região. O facto de puder trabalhar, ganhar experiência radiofónica enquanto estudante e conhecer pessoas novas, foi muito importante naquela fase da minha vida. A minha entrada na Rádio mais concretamente na Rádio Altitude FM, acontece através de um anúncio onde procuravam vozes e colaboradores novos para a nova grelha de programação da rádio. Fiz alguns testes e fui selecionada.

Nesse ano, sob a direcção do António Adriano Arede, formámos uma grande equipa de jovens animadores de emissão e jornalistas, maioritariamente estudantes.

 

RA 1991 - Sandra Esteves .jpg

Alguma vez tinha pensado fazer rádio?

Sim. Na verdade era um dos meus objetivos.

 

 O que mais a entusiasmou?

Primeiro, o facto de poder trabalhar na rádio que sempre ouvi graças aos meus pais, uma vez que em Vila Nova de Foz-Côa e no distrito da Guarda a Rádio Altitude era a rádio local mais ouvida, e também pela curiosidade de ter uma experiência no mundo da rádio.

 O facto de poder ter um programa de música, e comunicar com os ouvintes assíduos da região foram muito importantespara mim. Lembro-me que, na altura, sendo a Rádio Altitude uma rádio local, foi tendo fases menos boas, principalmente a nível financeiro. E toda a equipa de colaboradores e profissionais, todos, sem exceção vestíamos a camisola. Eramos um grupo muito unido, a dar o nosso melhor para todos os ouvintes.

Sandra Esteves - 1.jpg

Quais os programas que mais gostou de fazer?

Gostei de todos os programas que fiz, mas o programa que mais me marcou pela positiva foi o “Alta Voltagem”, um programa de segunda a sexta-feira, com duração de uma hora, onde o estilo musical se diferenciava no contexto da programação das rádios locais da época e quebrava um pouco as regras numa programação mais tradicional. Basicamente passava música dos anos 70, 80 e 90 no estilo rock, Heavy Metal, pop Rock, Grunge e Rock Alternativo. Era um programa com o qual eu me identificava muito.

A década de 90 na cidade da Guarda, de uma forma geral, foi a melhor. Havia muitos estudantes na cidade vindos de todo o país, e posso dizer que uma grande percentagem ouvia o meu programa, o que me deixava muito feliz

Sandra Esteves - 2.jpg

 Como era o ambiente de trabalho? E que colegas recorda?

Os meus tempos de rádio foram sem dúvida, os melhores da minha vida. Fiz amizades que ainda hoje, ao fim de 31 anos, perduram. Foram 11 anos numa rádio com altos e baixos, mas sempre unidos.

Lembro-me que, na altura, sendo a Rádio Altitude uma rádio local, foi tendo fases menos boas, principalmente a nível financeiro. E toda a equipa de colaboradores, animadores de emissão e profissionais, todos, sem exceção vestíamos a camisola.

Éramos um grupo muito unido, a dar o nosso melhor diariamente, que tal como eu, “vestiam a camisola” para levar da melhor maneira a música e as noticias da região, a todos os ouvintes.

Recordo com muita estima e saudade muitos dos colegas e amigos: O grande senhor e profissional Emílio Aragonês, António Adriano Arede, Rosa Diogo, Teresa Gonçalves, Goreti Figueiredo, Carmina Andrade, Célia Miragaia, António Sá Rodrigues, Mário Sequeira, Paulo Coelho, Antunes Ferreira, Olga Ferreira, Francisco Carvalho, Gabriel Correia, Joaquim Martins, António Martinho, Cristina Ferreira, Carlos Gomes, Ismael Marcos, Paula Pinto, Madalena Ferreira, Sandra Ferreira, Barata, Rui Pedro, Carlos Martins, Valdemar Guimarães, José Carlos Monsanto, Rui Fazenda, João Neves , Horácio Antunes, Albino Bárbara, Eduardo Matas e o Dr. Helder Sequeira, a quem eu deixo desde já, um agradecimento muito especial pelo convite para esta entrevista, e por ter sido um excelente Diretor da Rádio Altitude, amigo e profissional nos meus tempos de rádio.

Sandra Esteves - 5 .jpg

 Estudou na Guarda. O que significaram esses anos nesta cidade?

Tenho muito boas recordações, que guardo com muita saudade. Os melhores anos de sempre.

Sandra Esteves - RA- Rally 1991 - .jpg

 O que diferencia a Guarda de outras cidades?

Na Guarda, sendo uma cidade que não tem uma dimensão muito grande, acabamos por nos sentir acolhidos, para além da proximidade da terra dos meus pais.

 

 E o que falta na Guarda?

A meu ver, a falta de oportunidades de trabalho e de mais promoção do turismo da região.

 

11 - Continua a acompanhar o que se passa na Guarda?

Sim.

 

 Depois de sair da Guarda voltou a fazer rádio?

Sim. Tive a oportunidade de fazer uma experiência numa rádio online, uma maneira diferente de fazer rádio, mas da qual gostei muito.

 

Como vê hoje a sua terra natal? O que poderia ser feito para uma maior projeção?

Infelizmente sendo uma localidade do interior carecem as oportunidades de trabalho, provocando inevitavelmente a emigração e a saída dos jovens do concelho para continuarem os estudos universitários, como foi o meu caso.

Para uma maior projeção deveriam ser criados programas de incentivo à natalidade, procurar cativar investimento exterior por forma a evitar a emigração para outros países e criar condições económico sociais para reter as populações mais jovens.

O município deveria apostar em empresas que criem estímulos fortes ao emprego.

 

Tem algum projeto ou atividade que gostasse de implementar?

Sim. A breve prazo voltar a fazer rádio, nomeadamente um programa musical da minha autoria.

 

 

 

 

 

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publicado às 22:02

João Neves: a Rádio não tem limites

por Correio da Guarda, em 27.10.21

 

 

João Neves é uma voz da rádio, com quem se relacionou bem cedo. Competente, trabalhador, cordial e discreto, João Neves sustenta que a “rádio não tem limites” e fala dela sempre com o entusiasmo dos primeiros tempos.

Natural do Porto, onde nasceu em setembro de 1962, João Crisóstomo das Neves veio ainda muito novo para a Mêda (onde tinha família), vivendo mais tarde em Trancoso e posteriormente na Guarda, onde reside. “Comecei por frequentar a segunda classe do ensino primário, na escola do Espírito Santo. Prossegui cá os estudos até ao secundário, começando logo a trabalhar. Mais tarde retomei a aprendizagem, tirando vários cursos profissionais, jornalismo escrito, e jornalismo de rádio, que me conduziram à profissão que tive; animador de emissão (locutor)”. Disse João Neves ao CORREIO DA GUARDA.

Para o nosso interlocutor de hoje, “a Rádio não deve ser o que as pessoas querem, antes o que nós queremos dar às pessoas. É assim que se “educam” os ouvintes. Se não lhes oferecermos programas de qualidade, elas cingir-se-ão apenas ao que se lhes propõe! Se for bom, tanto melhor.” Tem também, para além da rádio, outros gostos que nos revela. “Gosto de fotografia, automóveis antigos, música, conduzir, conviver com os amigos, e passar o maior tempo possível junto da família (o meu bem mais precioso). Gosto também de me manter anónimo quanto baste”.

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Quem é o João Neves?

Não sou eu que devo falar de mim. Essa pergunta seria mais bem dirigida a uma terceira pessoa. Atrever-me-ia a redirecionar-lhe a pergunta a si! Quem é o João Neves?

Considero-me um cidadão comum, com defeitos e virtudes. Sério, honesto, justo e apaixonado pela família. Detesto conflitos. Sou muito pacato e não gosto de vedetismo.

 

É um reconhecido apreciador de música. Quando começou a manifestar esse gosto? Houve alguma influência familiar?

O meu gosto pela música, começou era ainda criança.

Venho de uma família de classe média. A minha mãe era telefonista, e o meu pai radiotécnico. Frequentava ainda a instrução primária, quando, num Natal o papá me deu um rádio. Pequenino, vermelho com detalhes dourados, e que era também mealheiro, com chave e tudo! Creio que foi a partir desse dia, que o gosto de ouvir música nasceu. Foi, de facto, o meu pai que me “mostrou” a música.

 

Recorda-se dos seus primeiros vinis? Quais eram os cantores ou grupos preferidos?

Eram muito variados. Ainda hoje escuto os meus primeiros LPs oferecidos pelo meu pai, eram também os que ele escutava. Pink Floyd, The Doors, Led Zeppelin, Rolling Stones, Bob Marley, Genesis, Yes, a música eletrónica dos Tangerine Dream, Kraftwerk, Klaus Schulze, Vangelis, e o incomparável Andreas Vollenweider, que faziam “viajar” um solitário introvertido (o que eu era).

Tantos, tantos outros, que se tornaria enfadonho enumerar aqui.

 

João Neves 8 .jpg

 

Ainda conserva os seus primeiros vinis? E cassettes?

Com certeza! Jamais me separarei deles, apesar de ter sido “acossado” várias vezes para os vender. E estamos perante grandes quantias que alguns colecionadores estavam dispostos a oferecer!...

Nunca os venderei. É o meu espólio. Pertence aos meus filhos, que também têm um gosto musical bastante apurado.

 

O que representam para si os antigos equipamentos de áudio? Tem algum preferido?

Tal como os discos, também preservo algum do primeiro equipamento. Guardo ainda o meu primeiro gira discos. A funcionar! Um “La Voix De Son Maitre”, pesadíssimo, trazido de França pelo meu pai, e que, no tempo do liceu, levava para as festas de adolescentes.

Depois veio o PE, e mais tarde, depois de vários “upgrades” (como se diz hoje) surge a Grundig. Uma aparelhagem por módulos, completa, com um som potente e límpido. Uma coisa sublime!...

Custou-me o equivalente a um ano de trabalho. Foi importada pelo representante da marca em Portugal. (Apenas pessoas com algum poder financeiro a podiam adquirir – foi um “investimento” enorme para mim).

 

Partilhava os gostos musicais com os seus irmãos?

Sim. Sem dúvida. Até porque na época, eu, como irmão mais velho, já trabalhava e tinha um salário, que acabava por empregar quase na totalidade, em discos e livros.

A minha mãe nunca me exigiu nenhuma “comparticipação” para ajudar nas despesas da casa, apesar se ser apenas ela a trabalhar para sustentar os três filhos e a nossa ama de toda a vida, que vivia connosco, e praticamente nos criou. A mensalidade era toda minha. Assim, nós três ouvíamos juntos a mesma música.

Nunca separámos os discos. Eram NOSSOS! Simples.

Tanto é, que hoje sou eu que tenho comigo todos eles, e os guardo qual tesouro bem preservado.

 

Rádio Antigo.JPG

 

Como surgiu, e quando, a sua ligação com a Rádio?

A minha ligação à Rádio começou muito cedo. Talvez aos 14 anos!

Andava já no ensino secundário, quando o meu pai me ofereceu um gravador de cassetes Philips portátil e um microfone, e muitas cassetes. Eu gravava tudo, mas mesmo tudo o que me parecia importante. Tinha sempre cassettes prontas.

Preservo ainda as gravações (áudio) que fiz da televisão aquando da queda da estação espacial Skylab, há mais de 40 anos, e que tanto alarido provocou na altura. Foi um acontecimento mediático mundial. Anunciava-se até a venda de capacetes para proteção dos eventuais destroços que atingissem a Terra.

E, ainda mais importante para nós portugueses, a notícia em direto da morte do então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, a 4 de Dezembro de 1980, no trágico acidente de Camarate, como ficou conhecido, e que ainda hoje permanece um “mistério”. Foi arrepiante… depois de interrompida a emissão, fez-se um silêncio e “apagou-se” a imagem na televisão. Coloquei-me em frente ao ecrã, de microfone na mão (como se já soubesse o que iria acontecer!) e comecei a gravar. Foi Freitas do Amaral quem deu a notícia: …”…português… morreu Sá Carneiro…”…

Naquele momento, tive logo a noção de que estava perante um facto histórico, e que tinha na minha posse um verdadeiro “documento” áudio.

Isto para explicar o meu interesse pela comunicação áudio visual e pela informação. Creio que foi nessa altura que comecei a interessar-me verdadeiramente pela Rádio, e pelo poder que ela tinha.

Cerca dos 16 anos, mais coisa menos coisa, fui para a Rádio Altitude, levado pelo amigo Emílio Aragonês, onde desempenhei variadíssimas tarefas, mas bem cedo me colocaram no estúdio a fazer programas em direto. Estava verdadeiramente “No Ar”. Mas só mais tarde tive os meus próprios programas, à noite, que era o meu ambiente.

 

Foi fácil a adaptação ao ambiente da rádio?

Foi. Foi muito fácil para mim, pois eu vinha habituado a “mexer com os aparelhos”. Nunca precisei que ninguém me dissesse como funcionavam, ou para que servia este ou aquele botão. Hoje é completamente diferente. Também já sou mais velho… e nem sempre acompanhei a evolução tecnológica.

 

Quais foram os seus primeiros trabalhos e em que programas?

Como disse, fiz vários programas. Desde os discos pedidos, até “ler” os jornais na antena.

Quando o então presidente da república Mário Soares fez uma presidência aberta pelo distrito da Guarda (1988), eu estive todo o tempo, desde a abertura até ao fecho da estação (Rádio Altitude), em antena. Foi nesses dias que fiz de tudo, incluindo os noticiários, pois que os restantes companheiros jornalistas, seguiam a comitiva em permanência para dar aos ouvintes toda a informação.

Depois tive os meus próprios programas. Fazia as noites na Rádio Altitude, das oito à meia-noite, e foram programas de muita audiência, onde se inclui mais tarde, o famosíssimo “Música Pimba” que eu fiz (durante a primeira hora), não por apreciar esse “tipo” de música (antes pelo contrário), mas por um desafio de um companheiro. Mal imaginava eu o sucesso que viria a ter, com os próprios cantores em estúdio e tudo! Eu era “falado” em todo o lado!

Alem de conversar com os ouvintes, cativava-os com a minha maneira de ser, calmo, atencioso e, obviamente, com a música que os “ensinei” a ouvir. O telefone tocava incessantemente. Sempre utilizei os meus discos. Cheguei a passar música em “exclusivo nacional”, pois costumava comprar muitos discos que mandava importar, muito antes de serem editados por cá. E assim fidelizava os ouvintes, que ouviam o que não estavam habituados a ouvir. E era ali que acontecia.

Tive patrocinadores do programa da noite, que pagavam, não só o meu salário, como ainda geravam receitas publicitárias para a Rádio. Fui o primeiro “avençado” a ter um ordenado fixo por mês. De referir que fui eu quem inaugurou o FM da Rádio Altitude, uma banda de frequência mais “pura” que fazia com que qualquer risco ou “pico” ou até pó que existisse num disco de vinil não passasse despercebido, ao contrário da Onda Média (AM). Daí também a minha preocupação em utilizar apenas os meus discos (sempre muito bem preservados e limpos).

 

João Neves 5 .jpg

 

Teve também programas de que foi responsável. Quais os que gostou mais de produzir?

Como já disse, foram, sem dúvida, os programas da noite. Que aliás mantive, na Rádio F, de que também fui fundador, em 1990. (Era o único animador de emissão no quadro de profissionais).

 

Quais os/as colegas que recordas dessa época?

Recordo todos eles. Todos foram muito importantes na minha formação profissional e pessoal. A todos deverei uma parcela da minha limitada sabedoria, pois a Rádio não tem limites. Auto regenera-se ao longo do tempo. Hoje é completamente diferente do meu tempo. Mas a essência e os princípios do que se deve ou não deve fazer, mantêm-se.

Não destaco nenhum companheiro em especial para evitar esquecer-me de algum. Como disse todos foram importantes para mim. Guardo-os no coração.

 

Como era a relação que se estabelecia com os ouvintes?

Era uma relação óptima e verdadeira. Hoje não é assim!

Estabeleciam-se amizades, algumas que ficaram prá vida. Houve namoricos… e ainda alguns “amargos de boca”!... mas regra geral travavam-se conhecimentos sadios.

Muitas das vezes nem era preciso o contacto físico. As amizades fluíam através da antena…

 

As pessoas identificavam-no no exterior, reconheciam a sua voz?

Eu era um “ilustre desconhecido”.

As pessoas conheciam e “amavam” a minha voz (se assim posso referir-me à minha ferramenta de trabalho). Mas isso era o suficiente para elas. Sabiam que eu estava ali para lhes fazer companhia com a minha música, mas também para ouvir, off record, os seus desabafos e até os seus segredos. Confiavam no locutor como se fosse da família. Chegaram a levar-me o jantar, guloseimas, flores, alguém me fez uma vez uma camisola de lã cinzenta (que eu adorava e usei até deixar de servir) … e por aí em diante.

Mas também houve casos complicados, que se mantiveram vários anos, inclusivamente depois de casar, e que me obrigaram a trocar de número de telefone, por exemplo. Sabiam de cor todos os meus passos e horários, “ameaçaram” suicidar-se, trinta por uma linha! Hoje rio-me daquele tempo louco!

 

Como era feita a seleção musical para os programas que apresentava?

O critério era sempre a qualidade, embora houvesse uma seleção muito variada.

Eu mostrava-me aos ouvintes, como era, através da música. Apesar do meu inglês não ser, nem sequer razoável, o importante para mim, além das palavras, era a melodia.

O som é que me fazia viajar. E era assim que eu gostava de me apresentar a quem me ouvia. Eram passadas muitas “mensagens” para o lado de lá do microfone!

 

Como era a relação entre a Rádio e a Cidade/Região? As pessoas apreciavam a rádio?

Naquela época a Rádio tinha um papel muito importante nas pessoas. Além de informar, era a companhia. Era um ponto de referência. “Ouvi no rádio que…”. “O rádio disse que…”. As pessoas se queriam saber alguma coisa, ligavam o rádio, e telefonavam muito, também a dar “notícias” do que acontecia junto delas, nas suas terras. Não havia ainda telemóveis, nem internet...

 

Tem algum episódio que possa ilustrar essa relação?

Por exemplo um apelo para recolha de donativos, que viriam a ajudar os pais de uma criança a levá-la para Inglaterra, a fim de ser sujeita a um tratamento médico, que não havia cá.

Outro caso em que se tratava de uma família que tinha imensas dificuldades e vivia em condições precárias. Também foi ajudada.
Mas já não me lembro de pormenores, nem isso é importante. O importante era mesmo sentirmo-nos úteis.

Isso era prática corrente na Rádio, sempre que alguém necessitava.

A Rádio desempenhava também um papel social e solidário muito importante.

 

Qual foi a sua experiência mais positiva na rádio? E a mais negativa?

A experiência mais positiva foi poder fazer o que sempre gostei. A música, e o contacto com as pessoas. Mas nunca gostei nem pretendi ser conhecido! Antes reconhecido. Amei muito a Rádio, em devido tempo.

Quanto à questão mais negativa, prefiro, neste momento, não me pronunciar!... (Mas a esta distância, lido pacificamente com a situação!)

 

Tem também feito publicidade, na rádio. Gosta desse trabalho?

Com toda a sinceridade… Não!

É outra etapa da minha vida. Sempre a Rádio, mas agora desempenhando outras funções, pois todos estes anos me deram o “conhecimento de causa”, eu diria!

Estou dentro da Rádio. Sei como funciona. O que se deve ou não fazer. Terminarei a minha carreira nas atuais funções; administrativas e comerciais. (A minha voz, já não é o que era! Hoje não gosto de me ouvir!).

 

A rádio do passado e do presente: diferenças, semelhanças, desafios?

A Rádio evoluiu muito, e está em constante mutação.

Apesar de hoje os ouvintes serem mais exigentes, a rádio é contudo, mais fácil. Tudo é digital.

Hoje com um simples “clique” chega-se a todo o lado, e faz-se praticamente tudo. A tecnologia está ao nosso serviço e disposição.

Tenho para mim que o futuro da rádio passará para as plataformas digitais “online”. Acaba-se o acto de sintonizar o rádio.

 

Hoje é mais fácil o acesso à produção de programas de rádio?

Sem dúvida. Apesar de ser primordial ter, cada vez mais, conteúdos de qualidade. Caso contrário, satisfarão apenas uma imensa minoria.

Sempre fui apologista de que a Rádio não deve ser o que as pessoas querem, antes o que nós queremos dar às pessoas. É assim que se “educam” os ouvintes. Se não lhes oferecermos programas de qualidade, elas cingir-se-ão apenas ao que se lhes propõe! Se for bom, tanto melhor.

 

Acha que a história da Rádio, em Portugal, passa também pela Guarda?

Claro que sim. Até porque é na Guarda que está a rádio local mais antiga de Portugal. Desde 1948. A Rádio Altitude.

 

Os carros, em especial os clássicos, têm merecido a sua atenção e entusiasmo. Teve inclusivamente, uma página sobre “Os Matrícula Preta”. Como surgiu este gosto e o projeto que desenvolveu?

“Os Matrícula Preta” é uma página onde eu e o meu filho João Paulo mostramos as fotos dos carros pré clássicos e clássicos que circulam pelo país com matrículas de fundo preto e numeração branca, e que vamos captando por aí.

O conceito surgiu da junção de dois gostos de família; a fotografia e os automóveis. “Os Matrícula Preta” começaram por ser um blogue, até 2006, tendo depois surgido com uma página no facebook.

Este hobby familiar, uma comunidade em constante crescimento e evolução, conta já com 5162 seguidores, e foi inclusivamente tema em destaque num programa na Rádio Altitude. Todos os veículos presentes são efetivamente fotografados por nós, únicos administradores da página.

O surgimento “oficial” de  “Os Matrícula Preta” no Facebook, a 9 de Outubro de 2011, acabou por rapidamente se revelar um projeto interessante a todo o tipo de públicos e faixas etárias. 

Apesar de estar “adormecido” há cerca de dois anos, por motivos de ordem pessoal, contamos permanecer nesta rede social com a divulgação de mais exemplares. (Temos ainda em arquivo milhares de fotos por publicar, obtidas em vários pontos do país).

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Que outras coisas gosta de fazer, nos seus tempos livres?

Além de ouvir música, gosto de ler, navegar na net, (conhecer coisas novas, pesquisar, informar-me, etc.), fotografar e viajar (adoro conduzir – gostava de fazer uma “volta a Portugal com a minha máquina fotográfica”. Hoje muito mais acessível, devido ao digital! Mas esta ideia já tem muitos anos).

 

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Como vê, hoje, a cidade onde vive?

Vejo a Guarda como sempre vi. Apesar de ter havido alguma evolução ao longo de todos estes anos, para quem cá está, isso não é muito percetível, no imediato. Contudo, hoje vive-se muito melhor. Aqui sim. Temos qualidade de vida!

 

O que desejava para esta cidade e região?

O que seria preciso nesta terra? Talvez indústria, para que as pessoas se fixassem cá. Com isto, o comércio também cresceria.

Pouco mais temos além de serviços.

 

O que representam para si os amigos?

Simples. É preciso tê-los. E saber onde estão quando precisamos deles. (Felizmente tenho alguns!).

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